terça-feira, 23 de julho de 2013

Graça Foster X Petrobrás

A Presidente Graça Foster, da Petrobrás, meteu a toga do Ministro Joaquim Barbosa e está botando pra quebrar. Estilo Graça Foster pode gerar rebelião na Petrobrás, ou no PT inteiro. A nova presidente da Petrobrás decidiu comprar uma briga daquelas, em véspera de ano eleitoral. Ela quer cancelar todos os contratos de patrocínio da estatal e já provoca uma gritaria entre políticos da base aliada. Dias atrás a presidente da Petrobrás, Graça Foster, fez uma conferência com investidores e foi de uma sinceridade atroz. Reduziu 3,1 milhões para 2,5 milhões barris/dia a meta de produção da empresa para 2016. "Os números não eram realistas". Além disso cancelou projetos de várias refinarias e manteve apenas a Abreu e Lima, em Pernambuco, que custará nove vezes mais do que o previsto - o orçamento foi de R$ 4,75 bilhões para R$ 42 milhões. Graça já havia demarcado seu território, ao demitir diretores que haviam sido indicados politicamente, inclusive pelo próprio PT. Agora ela decidiu comprar uma nova briga, segundo informa a coluna do jornalista Ilimar Franco, no jornal o Globo, na nota "Fim da farra" .A presidente da Petrobrás, Graça Foster, decidiu segurar e rever todos os patrocínios concedidos pela empresa. Sua posição atinge eventos, congressos, publicações, filmes, projetos culturais e conferências setoriais e temáticas promovidas pelo governo federal e que tinham patrocínio da estatal. Os marqueteiros petistas estão em polvorosa e, atônitos e irritados, perguntam: "Quem essa Graça Foster pensa que é? A Dilma da Dilma ?" *
Graça tem o respaldo da presidente Dilma Rousseff, mas seu estilo tem gerado críticas no PT. Seu antecessor, José Sergio Gabrielli, é amigo pessoal do presidente Lula. Além disso, criticar as "metas irreais" da era Gabrielli, "ela também critica, indiretamente, a era Lula". A conferência  de Graça Foster cm investidores ensejou o artigo "O Custo de Lula" publicado pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg. Leia: "há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal o Valor Econômico. Entre outras coisas, contou sem meias palavras, que a Petrobrás não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos, em 2008. "Convoquei o Conselho da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo." Em 25 de junho, 2013 a Petrobrás informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continuaria no plano com data para terminar. E, ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e o óleo da "Petroleos de Venezuela" (PDVSA), na ocasião de Hugo Cháves. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eram "irrealistas", disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes dos projetos estarem prontos e aprovados, o que é um verdadeiro absurdo.
Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobrás. Graça Foster informou que a refinaria Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior e, custará US$ 17 bilhões, três bilhões a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. O equivoco, visto desde o princípio, é muito maior. Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta em 2010. Como uma empresa com a importância da Petrobrás pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretora da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações. O nome disso é populismo  (grifos meus cansada dos senhores). É o custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobrás, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente irresponsável e da diretora que topou a montagem desse cenário de mentiras. Tem mais na conta. Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu um prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja: um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: "Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação. Quem escapou do prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo".
A Vale topou muita  coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companha, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo. Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula, pra variar estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram. Ressalva: O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico! Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transição do Rio São Francisco (ler matéria neste blog - p favor colocar link) estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos R$ 35 bilhões. Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobrás, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. Mas há outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobrás. Graça Foster era da diretoria da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma. Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula? De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política. Foster terá que contar agora com muito respaldo de Dilma, para não ser atingida em breve, pelo fogo amigo.**...
*     Jornal Folha de Pernambuco - maio 2013
**   Jornal Folha de Pernambuco - maio 2013
*** Carlos Alberto Sardenberg é comentarista da Rádio CBN
Iracema Alves / jornalista cadeirante
Participação Wiglinews

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